"Com Rui Costa, Benfica tem desgoverno desportivo. É impossível ganhar"

João Noronha Lopes tem sido apontado pelas últimas sondagens como o candidato que estará mais próximo de vencer as eleições do Benfica, agendadas para dia 25 de outubro. O gestor de 59 anos já havia concorrido em 2020 e, cinco anos depois, acredita agora estar mais preparado para assumir os destinos de um clube que considera estar perdido sob a liderança de Rui Costa.
Em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, Noronha Lopes explica aquilo que pretende mudar no Benfica, apresenta os nomes da estrutura que quer montar na Luz e aponta o dedo à gestão do atual presidente.
O candidato revela ainda os planos que tem para a formação e garante que tem a estratégia certa para o Benfica não ficar dependente da venda de jogadores. Desta forma, João Noronha Lopes acredita que irá devolver a melhor versão do clube aos benfiquistas.
Qual é a principal razão que o levou a avançar para estas eleições?
O Benfica precisa de virar uma página. O Benfica precisa de ter uma liderança forte, de ter uma equipa unida e de ter um projeto. Um projeto desportivo, um projeto financeiro e um projeto associativo. Tudo o que tem faltado ao Benfica nos últimos anos. E é isso que eu trago. Um projeto e uma equipa para resolver os problemas que os benfiquistas têm sentido ao longo dos últimos quatro anos.
O que mudou no Noronha Lopes candidato derrotado em 2020 para o Noronha Lopes que se recandidata em 2025? Sente-se agora mais preparado?
Tivemos muito mais tempo para preparar a equipa. Estamos a preparar uma candidatura ao ano. E a minha preocupação não foi só escolher pessoas, mas foi também escolher pessoas que eu conheço, que são da minha confiança. Fui eu que as escolhi a todas. Não há aqui agendas próprias, nem interesses pessoais. E, portanto, aquilo que nós garantimos aos benfiquistas é que no dia 26 de outubro, estaremos preparados para pegar no Benfica e toda a gente saberá exatamente aquilo que tem de fazer.
No que é que a sua candidatura é diferente das outras? Porque considera ser a melhor opção para liderar o Benfica?
Eu trago comigo 20 anos de experiência enquanto gestor de empresas internacionais, em todas as partes do mundo. Fiz crescer empresas, transformei-as e tive de lidar com situações muito difíceis. E depois faço-me acompanhar de uma equipa. Uma equipa muito profissional do ponto de vista desportivo. Nuno Gomes como vice-presidente para o futebol, Pedro Ferreira, que teve uma carreira na Inglaterra no Nottingham Forest, como diretor-geral para o futebol e o Tomás [Amaral], como diretor desportivo. Esta equipa já está a trabalhar há bastante tempo e sabe exatamente o que quer para o futebol.
Depois já tenho uma equipa financeira também a trabalhar. Apresentei o José Teotónio, que é CEO dos meus grupos hoteleiros portugueses, que vai ser acompanhado também pela sua equipa. E estamos a trabalhar também do ponto de vista associativo e dos restantes órgãos sociais. Também apresentei o meu futuro presidente da Assembleia Geral, que é o Gonçalo Almeida Ribeiro, um dos juristas mais eminentes em Portugal e ex-vice-presidente do Tribunal Constitucional. Um presidente que vai trazer não só conhecimento, mas também um peso institucional e que vai ser um grande representante de todos os benfiquistas. Portanto, trago experiência, competência e equipa.
Não é a primeira vez que estou no futebol. Já estive como vice-presidente do Manuel Vilarinho, numa altura muito difícil, em que foi preciso voltar a devolver o Benfica aos sócios. E foi isso que eu fiz, juntamente com um grupo de pessoas e orgulho-me muito desse percurso.
E qual é que seria a primeira medida a implementar no Benfica, ganhando as eleições?
Falar com as pessoas. É aquilo que eu faço em todas as empresas onde entro. Reunir todas as pessoas do Benfica, explicar-lhes o meu projeto, apresentar-lhes as novas pessoas, dizer não só onde é que nós queremos chegar, mas como é que lá chegamos.
Já falou estrutura para o futebol e dos nomes que estão na sua lista. Qual o modelo desportivo que o Benfica precisa neste momento?
O Benfica precisa de um projeto desportivo, que é aquilo que não tem tido. O que eu não quero, e não terei seguramente, são cinco treinadores em quatro anos. Não queremos ter um carrossel de jogadores, em que entram 11 ou 12 jogadores e saem 13 jogadores por ano. Não quero despedir treinadores à quarta ou à quinta jornada, como tem acontecido com Rui Costa. Não quero um treinador como Bruno Lage a começar uma época com um plantel que não foi escolhido por ele e ter Mourinho a começar outra época, mais uma vez, com um plantel que não foi escolhido por ele.
Portanto, o Benfica não tem um projeto desportivo no futebol. Tem um desgoverno desportivo. E quando assim é, é impossível ganhar. O problema não é o Rui Costa ter errado, porque todos erramos. O problema é a incapacidade do Rui Costa de aprender com os próprios erros.
O que promete trazer para combater esse tal desgoverno desportivo?
Um projeto que se baseia, essencialmente, em três ideias. Primeiro, a estabilidade. As pessoas que estão no futebol do Benfica já estão a conversar entre elas há muito tempo. São complementares e sabem exatamente aquilo que têm de fazer. Segundo, coesão. As pessoas estão unidas pelo mesmo propósito. O vice-presidente para a área do futebol vai fazer a supervisão do futebol. Vai ter um peso importante também nas relações do Benfica com as instituições nacionais e internacionais. O diretor-geral vai ter a reportar a si o scouting, a formação e o futebol, sendo o coordenador operacional de toda a área. O diretor desportivo terá um papel também importante na ligação com o scouting e no trabalho no terreno.
E depois temos uma aposta muito grande que tem de ser feita no scouting. O Benfica tem de se antecipar ao mercado e não ir atrás do mercado. Evitar-se as compras de 20 milhões. Há jogadores que foram comprados pelo Benfica por 30 e que podiam ter sido comprados por 15, se o Benfica tivesse chegado mais cedo ao mercado. Mas se o Benfica chega tarde, obviamente, paga mais caro e, por vezes, comete erros. Nós não podemos ir contratar um defesa-direito no último dia do mercado de verão para depois sair em janeiro e passarmos o resto da época a jogar com um jogador adaptado a defesa-direito.
O que eu garanto aos benfiquistas é que há um projeto com uma equipa de scouting muito profissional e com provas dada. Vamos ter um diretor de data analytics, que é muito importante também nesta área e que vai exatamente permitir-nos antecipar o mercado e ter um scouting mais inteligente.
Depois, e obviamente, a área da formação tem de ser a grande aposta do Benfica. Mas tão importante como ter títulos nos escalões jovens é ter uma política para que estes jogadores sejam, de facto, titulares do Benfica e sejam titulares do Benfica e progridam para a equipa principal.
Nos últimos tempos muito se tem falado da falta de aposta na formação...
Eu vou fazer uma aposta financeira sem precedentes na formação. Porque o Benfica tem condições financeiras para o fazer. Não acho que o Benfica tenha de gastar menos no futebol. Deve continuar a gastar no futebol aquilo que gasta, mas tem de gastar melhor e tem de comprar melhor. E tem de apostar mais nos jogadores da formação.
E como é que isso pode ser feito?
Por um lado, os jogadores tem de perceber que existe um plano de progressão para cada um deles em função da sua evolução até à equipa principal, fazendo com que todos na estrutura da formação possam ser recompensados por essa evolução. E depois, tendo exemplos. Se um jogador da formação percebe que existem oportunidades para ir para a equipa principal, naturalmente é isso que ele vai ambicionar. Se ele vê que um jogador da formação é vendido à primeira oportunidade, como aconteceu com João Neves, não há um bom exemplo de um jogador que poderia triunfar no Benfica.
No caso do João Neves, sendo o PSG um clube com um poder económico muito grande, também não era difícil para o Benfica segurar o jogador?
O Benfica vai ter sempre de vender jogadores. Quem disser o contrário está a mentir. Agora, o que o Benfica tem é de criar condições, do ponto de vista financeiro e desportivo, para ter os jogadores mais tempo e vendê-los mais tarde. Vamos ao caso do João Neves e eu sei daquilo que falo. O João Neves não poderia sair do Benfica. O João Neves foi empurrado para fora Benfica.
O Benfica não resolveu o problema em janeiro, quando deveria ter resolvido. Como? Colocando-o no topo salarial do plantel, arrastando-lhe incentivos financeiros para que ele pudesse sair no ano seguinte, e, por mérito dele, inclusive, dando-lhe a braçadeira de capitão, que era aquilo que ele merecia. Não é por estatuto, mas por mérito, porque o João Neves simboliza aquilo que os benfiquistas todos reconheciam. A garra, a entrega... Um jogador que vive o Benfica como os adeptos que estão na bancada. Ou seja, havia condições para ter o João Neves se o Benfica tivesse resolvido o problema a tempo. Não é resolvê-lo em maio, quando o jogador, obviamente, já tinha propostas do PSG e quando o seu salário não tinha sido aumentado para um nível que o deixasse satisfeito.
Essa saída de João Neves pode ter impacto nos mais jovens?
Se os jogadores da formação não veem outros jogadores a progredirem e a serem titulares na equipa principal, obviamente que o sonho e a ambição de serem titulares do Benfica não estão lá. E isso é uma coisa que tem de ser alterada. Um dos pontos que eu não me canso de repetir é a questão da identidade. A identidade benfiquista constrói-se com sonhos e com símbolos. E o sonho tem de ser eu quero ser titular no Benfica antes de ser titular noutra equipa qualquer. Eu quero é que não me cortem as pernas para ser titular no Benfica e não que me cortem as pernas para ir lá para fora. E símbolos. O Benfica precisa de símbolos. Símbolos que evoluam da formação para a equipa principal. E é isso que nós temos de passar a ter.
Ou seja, que façam a carreira no Benfica...
Isso mesmo. Eu acho que o Benfica deve ter uma política para que os jogadores permaneçam no mínimo um ano ou dois depois da época da afirmação. E tem de criar condições financeiras e uma mentalidade nos jogadores para isso acontecer. E, claro, depois teremos de vender os jogadores mas temos de tentar segurá-los mais tempo.
Voltando à razão pela qual se voltou a candidatar. Que balanço que faz destes quatro anos da presidência de Rui Costa?
Um falhanço total destes quatro anos de Rui Costa. Falhou do ponto de vista desportivo, do ponto de vista financeiro e do ponto de vista associativo. Não defendeu os interesses do Benfica.
Do ponto de vista desportivo, o Benfica não ganha no futebol. Ou melhor, ganhou um título de campeão em quatro. Nas modalidades, o panorama, principalmente nas masculinas, também é desolador. Ganhámos 30% dos títulos que disputámos, mesmo com um grande investimento financeiro. Na defesa dos interesses do Benfica, Rui Costa falhou clamorosamente, nomeadamente quando o Benfica foi prejudicado pelas arbitragens e também nas suas relações com a Liga e com a Federação, dando apoio a Pedro Proença.
Rui Costa disse agora numa entrevista que fez apoio ao projeto de Pedro Proença. Eu pergunto, mas que projeto é esse? Porque os benfiquistas não o conhecem. E, portanto, o Benfica não pode apoiar algo que os benfiquistas não conhecem ainda hoje. E isso é inexplicável, nomeadamente na questão dos direitos televisivos e também na questão dos órgãos da Federação, na qual o Benfica está completamente sub-representado.
E depois há uma questão que me parece muito importante, que é o afastamento do presidente relativamente aos sócios do Benfica. Rui Costa não vai às casas do Benfica. Eu ando nas casas do Benfica, vou lá, falo com os sócios, ando a correr o país há vários meses, e vou lá ouvi-los. Os sócios fizeram centenas de propostas, algumas das quais eu inclui no meu programa eleitoral. Vou lá e respondo às perguntas. Rui Costa só vai às casas do Benfica em alturas de aniversário e em campanha eleitoral.
Portanto, há uma visão completamente diferente daquilo que tem de ser a relação com os sócios. Os sócios têm de ser respeitados, principalmente os sócios fora de Lisboa, que vivem o Benfica de uma forma muito intensa. Mas o problema fundamental de Rui Costa é a incapacidade de assumir responsabilidades e de aprender com os erros. Todos erramos, mas temos de aprender com os erros. Quando nós vemos que todos os anos há um carrossel de jogadores, quando mudamos de treinador à primeira oportunidade... Rui Costa não cria condições de estabilidade para que o Benfica ganhe. E aquilo que assistimos nos últimos dias é mais um exemplo daquilo que tem sido a gestão do Benfica.
Rui Costa, já disse, quando estava no Benfica, que assinou sem ler, que dava opiniões, mas que não decidia praticamente nada enquanto esteve 13 anos como vice-presidente do Benfica. Disse que herdou um plantel com 100 jogadores em 2021, mas eu pergunto, quem é que era o responsável do futebol que definiu esse plantel? Era o vice-presidente Rui Costa. E quem é que antes tratou do futebol do Benfica? O diretor desportivo Rui Costa.
Portanto, Rui Costa, presidente, esquece-se que foi diretor desportivo e vice-presidente do futebol durante 13 anos. E depois, assistimos a Luís Felipe Vieira a dizer o contrário: que Rui Costa decidia, que Rui Costa estava sempre a mudar de opinião e que Rui Costa não dedicava o tempo suficiente ao clube.
Eu não sei quem é que está a dizer a verdade. O que eu sei é que eles estavam lá os dois. Trabalharam juntos durante muitos anos. Escolheram as mesmas pessoas. Estiveram lado a lado e assinaram os mesmos documentos. Há uma coisa que eu sei. O Benfica do futuro não pode ser feito pelas pessoas que estiveram lá tantos anos e que estão a lavar a roupa suja em público e que estão neste acerto de contas. Os benfiquistas estão cansados disto. Os benfiquistas querem é saber como é que vamos construir o futuro. E não são as pessoas do passado que constroem o futuro do clube.
Falta organização a Rui Costa?
Falta programação. Ainda gostava de saber porque é que o jogo do Santa Clara não foi adiado. Bruno Lage diz que pediu o adiamento, Rui Costa diz que não. É mais um exemplo. No meio disto tudo, é o Benfica quem sai a perder desta falta de planificação, de liderança e de organização.
Concorda com a decisão do despedir Bruno Lage para ir buscar Mourinho? Ou acha que foi um trunfo eleitoral de Rui Costa?
Era óbvio para todos os benfiquistas que a equipa não estava a jogar aquilo que deveria jogar. Agora, eu recordo que no verão foi dado um voto de confiança a Bruno Lage. Recordo que fizemos um investimento sem precedentes. Investimos 130 milhões de euros este ano. Recordo que no verão esta estrutura do futebol do Benfica, que tinha Rui Pedro Braz, que tinha Lourenço Pereira Coelho, que tinha Ricardo Lemos, durante o Mundial dos Clubes, foi elogiada.
E depois, a duas semanas do início da época, esta estrutura sai do Benfica. Eu pergunto como é que é possível ter sucesso no futebol com tantas mudanças, com tantas incoerências e com tanta desorganização. É completamente impossível ganhar assim.
Dito isto, na altura de decidir, o Benfica nunca deveria ter ido para um treinador interino, porque havia sete jogos para ganhar, e, portanto, acho que a aposta em Mourinho é uma aposta num treinador ganhador. Eu disse-o desde o primeiro momento. Quero que Mourinho ganhe no Benfica. O Benfica precisa de vitórias. Obviamente que a equipa precisa de jogar mais. E o conto que Mourinho vai fazer. É o meu treinador é o treinador com quem eu vou trabalhar quando for presidente do Benfica.
Existirem seis candidatos às presidências do Benfica é um bom ou mau sinal?
É um bom sinal. É um sinal de vitalidade democrática do Benfica, que sempre foi um clube democrático e onde o debates de ideias é muito importante. Agora, o que eu gostava era que, verdadeiramente, nos focássemos no futuro e na discussão de ideias e que esta campanha eleitoral não fosse uma lavagem de roupa suja do passado e que não se entrassem em ataques pessoais.
Infelizmente, quando lemos os últimos comunicados de Rui Costa, aquilo que vemos é exatamente o contrário. Rui Costa entra em ataques pessoais, em mentiras e em insinuações, em vez de explicar aos benfiquistas aquilo que é o seu projeto. Nós ainda não sabemos o que é o projeto de Rui Costa para o Benfica.
Eu já apresentei o meu projeto para o futebol, já apresentei o meu projeto financeiro, já apresentei o meu projeto associativo, já apresentei vice-presidentes, já apresentei o meu mandatário, que é o professor Luís Tadeu, já apresentei o presidente da Assembleia Geral, Gonçalo Almeida Ribeiro, já apresentei o José Teotónio, já apresentei o Filipe Gomes, que é um ex-atleta do Benfica e um gestor para as modalidades. Os benfiquistas já conhecem uma grande parte do meu projeto. De Rui Costa não conhecem nada. A única coisa que conhecem são desculpas e ataques pessoais.
A última Assembleia Geral foi muito intensa. Que tipo de reflexão é que merece aquilo que aconteceu e que impacto pode ter no dia das eleições?
Deixe-me deixar bem clara uma coisa. Todos os sócios do Benfica têm o direito de se exprimir livremente numa Assembleia Geral. E, portanto, por muito que as pessoas possam discordar de Luís Filipe Vieira, se quiserem sair, têm o direito de sair. Mas devem fazê-lo pacificamente.. Mesmo Vieira, que pode ter cometido muitos erros no passado, tem o direito de falar enquanto sócio do Benfica. Lamento aquilo que aconteceu.
Naquela Assembleia Geral tentei apaziguar os ânimos e, inclusivamente, desafiei os outros candidatos a irmos ao púlpito tentar acalmar os ânimos. Infelizmente, isso não foi possível. Vieira acabou por falar na parte da tarde. Aquilo que eu apelo é que haja muita serenidade e muita tranquilidade daqui para a frente. Os sócios do Benfica querem ver o Benfica ser falado pelos bons motivos.
Ainda sobre a AG, o Relatório e Contas foi chumbado e Rui Costa disse que os sócios estavam a confundir as coisas por causa do insucesso desportivo. Como é que olha para estas palavras?
Mais uma vez, Rui Costa tem sempre desculpas e tem alguma dificuldade em perceber as críticas. Nós temos de olhar para a questão financeira do ponto de vista deste mandato. E, mais uma vez, as contas deste mandato são muito negativas. No Benfica, e olhando para a SAD, os custos operacionais atingiram 226 milhões de euros. Representaram um aumento de 47%. Os fornecimentos e serviços externos totalizaram 78 milhões de euros. Mais 60% desde 2019. O resultado operacional sem transações do mandato é de menos 50 milhões de euros. O passivo é de 475 milhões de euros. Ou seja, mais 25%.
O balanço deste mandato é negativo por muito que o Rui Costa queira dizer o contrário. Obviamente que ter um último exercício com resultados positivos é, obviamente, melhor. Mas este último exercício com resultados positivos deve-se a fatores que não se repetem todos os anos como, por exemplo, o Mundial de Clube.
Quem não tem a capacidade nem o discernimento para fazer esta avaliação do mandato, dificilmente consegue aprender com os seus próprios erros do ponto de vista financeiro, como também não aprendeu do ponto de vista desportivo.
Acredita que a existência de debates entre os candidatos seja algo benéfico para os sócios ficarem a conhecer melhor os candidatos?
Acho benéfico e estou pronto para debater com todos os candidatos, mas nestas eleições os sócios do Benfica vão ter que decidir sobre os projetos. Qual é o melhor projeto? Quais são as melhores ideias? Qual é a melhor equipa? E vão também ter de decidir sobre a personalidade e o perfil de cada candidato, porque não basta prometer. Deve olhar-se para cada candidato a presidente e fazer-se a pergunta se esta pessoa vai ou não cumprir aquilo que está no seu programa. Esta pessoa tem ou não um passado que lhe permita enfrentar este desafio? É deste conjunto de atributos que os sócios do Benfica vão escolher. Estou disponível para debater com todos para que os sócios possam decidir em consciência no dia 25 de Outubro.
E esses debates deverão ser assegurados pela Benfica TV?
Acho que faz todo sentido discutir na BTV. Tenho confiança que os jornalistas da BTV serão isentos a moderar este debate com os candidatos.
Leia AQUI a segunda a parte da entrevista de João Noronha Lopes ao Desporto ao Minuto.
Ao longo das últimas semanas o Desporto ao Minuto tem publicado entrevistas com os candidatos à presidência do Benfica. Até ao momento, apenas Rui Costa não respondeu às nossas questões.
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